quinta-feira, 28 de maio de 2009




Entrevista com a cantora DIANA,ao nosso eterno Josué Ribeiro:A MELHOR INTÉRPRETE DAS MÚSICAS DE RAUL SEIXAS, ABRE O CORAÇÃO E DECLARA SEU AMOR ETERNO À MÚSICA.

Desde 2001, quando iniciei a pesquisa sobre os ídolos da canção popular dos anos 70, e 80, Diana era o alvo principal. Por ela, virei noites na Internet, liguei para dezenas de empresários de shows, sem nenhum resultado plausível. Comprei seus LP’s, revistas com matérias sobre ela, conversei com produtores, e nada de Diana. Até que, em 2007, fiz contato com sua filha Clarice, que também é cantora. Na primeira semana de 2008, entrei em contato com Diana, a principal grife feminina da música popular dos anos 70. Achei Diana. Ela estava bem perto de mim, e na primeira oportunidade, marquei a entrevista na sua residência, na Região dos Lagos. Em Araruama, encontrei não somente a cantora apaixonada do Brasil, mas, a mulher guerreira que ao longo da carreira caminhou sozinha, apoiada somente em fé, e amor a profissão. Enquanto suas músicas estavam estouradas nas rádios do país inteiro, Diana dava expediente trabalhando numa repartição e cursava Processamento de Dados, e Jornalismo. Formou-se nos dois cursos, pela PUC-RJ.

ATUANTE NA CARREIRA E CONSCIENTE DO SEU POTENCIAL ARTÍSTICO

Diana, agora assina Dianah, segundo a própria, uma decisão pessoal. Apresentou-me seus discos antigos, e os mais recentes. A voz, que continua igual ou melhor de quando da sua estréia, foi exibida ao vivo exclusivamente para o entrevistador, que ganhou de presente os principais LP’s da cantora, cd’s e o primeiro compacto da carreira, gravado em 1969, na Caravelle. Dianah cantou suas novas composições, cantou também “A Música da Minha Vida”, entre outras tantas que o gravador registrou. Exigente, Dianah prima pela qualidade, dispensando apresentações vazias, que não esteja de acordo com sua visão, e descarta qualquer apresentação na TV, onde ela não possa falar do seu trabalho atual. Tem consciência de quanto é amada pelo público, da fidelidade do seu público, e para ele, reserva o que tem de melhor. Cuidando do figurino, dos detalhes do palco, e não descarta atendimento aos fãs. Não raro, Dianah tira do cachet que recebe em shows, dinheiro para ajudar famílias necessitadas, doação feita na cidade onde o show é realizado. Desprovida de qualquer prepotência, Dianah leva uma vida tranqüila, curtindo o mais gosta de fazer, compor, ler e cantar. A cantora também falou sobre os prejuízos sofridos na carreira, entre eles, as voltas de empresários corruptos, e os roubos por parte das gravadoras. Depois de sete anos lutando na justiça, a cantora ganhou o processo que moveu contra a CBS, atual Sony Music. Dianah enviou ao presidente Lula, uma carta de seis páginas, onde narra os descasos com a classe, e a falta de proteção aos direitos do artista. O presidente, que possivelmente já tomou umas biritas ouvindo Porque Brigamos, Fatalidade e Ainda Queima a Esperança, sequer a convidou para falar sobre o assunto, respondeu apenas com uma carta padrão. Dianah tem músicas gravadas em espanhol, é reconhecida em Portugal, amada no Brasil, mas não tem o respeito que merece como profissional que é. Seu último cd foi gravado ao vivo, no mega show realizado em Feira de Santana, com público de 35 mil pagantes apaixonados.

FELICIDADES, SHOWS, SONHOS E PROJETOS FAZEM OS OLHOS DE DIANAH BRILHAREM.

O encontro com a cantora faz parte da série de entrevistas que venho realizando com artistas importantes da música popular, projetados ao sucesso nos anos 70. A recepção calorosa e atenciosa, ainda na apresentação, levou-me a perceber de cara, que Dianah, além de educada por natureza, é cuidadosa com sua carreira de 38 anos. A casa aconchegante em frente à praia, não foi escolhida à toa, é de lá que a cantora compõe e encontra inspiração para letras tocantes. A convivência com o filho André de 21 anos, colecionador de músicas do mundo inteiro, e companheiro da mãe pelos shows no país, deixa Dianah inteirada sobre o que acontece de melhor no cenário atual da música. André, além de amigo também é fã da obra da mãe, principalmente dos discos mais autorais, como os álbuns de 76 e 78. Enquanto comenta sobre a obra de Dianah, André me convida para conhecer sua coleção de cd’s. A quantidade e a catalogação me impressionam. Todos os discos são catalogados por gêneros, país, e títulos. Voltando para Dianah, muitos assuntos regeram a pauta da entrevista. Raul Seixa redeu lágrima numa longa conversa. Thiago de Góes, brilhante escritor da nova geração, enviou-me seus dois livros (Contos Bregas / Lobas, Deusas e Ninfetas) afim de que fossem entregues à musa. Após a leitura das dedicatórias, a emoção de poder contemplar nas mãos, tão sublime homenagem, comemorou com os olhos brilhando, o carinho do jovem escritor. DVD está nos planos da cantora, ela pretende gravar um show elaborado mesclando teatro, com imagens da carreira.

ELINO JULIÃO:Aos doze anos, saiu do Seridó e veio para Natal de carona no caminhão de Artur Dias, comerciante da região. Na capital, foi morar com uma tia no bairro das Quintas. Imediatamente, procurou espaço para sua música. Na Rádio Poti, Genar Wanderlei, finalmente lhe ofereceu uma oportunidade de se apresentar no famoso programa de auditório Domingo Alegre, lá pelos idos da década de 50. Conseguiu espaço e reconhecimento. Na rádio, cantava músicas de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e outros. Sob a bêncão do padre Eymard Lérecat Monteiro, amigo da família, retomou os estudos a noite no colégio Marista.



Julião ficou em Natal por dezoito anos. Durante esse período, serviu o exército, mas logo que se libertou das forças armadas voltou para a Rádio Poti, onde conheceu Jackson do Pandeiro. O já famoso Jackson o convidou para o Rio de Janeiro, onde foi morar e trabalhar como cantor, iniciando uma parceria que rendeu grandes frutos musicais e selou uma longa amizade. Como ritmista de Jackson, se apresentou nas rádios, tvs e viajou o Brasil inteiro. Elino confessa que não foi fácil gravar no Rio de Janeiro nos anos 50. "Passei muito tempo para gravar. Naquela época dos auditórios de rádio, a gente cantava mas não gravava. Só gravava quem tinha muita sorte e cantava mais que Vicente Celestino", lembra saudoso do amigo.



Foi na casa de Jackson, que Elino começou a compor suas primeiras músicas. Gravou seu primeiro disco em 1961, na gravadora Chanticlê, que além dele, lançava simultaneamente : Noca do Acordeon, João Silva, Geraldo Nunes, Mineiro e Teixeirinha. Do grupo só Teixeirinha fez um grande sucesso com coração de luto.- O sucesso do colega o desanimou e pensou em desistir da carreira, porém Jackson o estimulou e o levou para a gravadora Phillips, por onde lançava seus discos.